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A relação entre o garfo e a saúde nunca esteve tão em evidência. Nesta quinta-feira, 16 de outubro, o Dia Mundial da Alimentação joga luz sobre uma verdade que a ciência reforça a cada novo estudo: nossas escolhas à mesa são decisivas para uma vida longa e saudável. Mais do que isso, elas podem ser a principal barreira contra doenças graves, como o câncer. No Brasil, onde o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima cerca de 704 mil novos casos da doença por ano até 2025, a prevenção se torna uma pauta urgente.
Os dados são alarmantes. Segundo o INCA, a alimentação inadequada está associada a aproximadamente 20% dos casos de neoplasias em países em desenvolvimento, como o Brasil, e responde por até 35% das mortes causadas pela doença. A boa notícia, no entanto, é que o poder de mudança está, literalmente, em nossas mãos – e nos nossos pratos.
“A alimentação é um dos principais fatores de prevenção do câncer. Estima-se que até um terço dos casos poderiam ser evitados com hábitos equilibrados e um estilo de vida saudável”, destaca Lorena Begot, nutricionista da Hapvida. Para quem, como eu, nasceu e se criou com a fartura do açaí, do peixe fresco, muitas sopas, saladas e frutas da nossa terra, a ideia de comer bem parece natural. Mas na correria da vida moderna, os industrializados acabam ganhando um espaço perigoso: é muito mais fácil, rápido, demanda menos esforço e exige menos conhecimento.
A especialista Lorena Begot aponta ainda que pequenas mudanças na rotina podem gerar um impacto gigante na saúde. “Ler o rótulo de alimentos na prateleira, diminuir o consumo de processados, como refrigerantes e alimentos com excesso de sal e/ou açúcar e incluir frutas, verduras e legumes no prato, já representam avanços”, afirma Lorena.
O veneno nosso de cada dia: os ultraprocessados
Quando falamos de vilões, a lista é encabeçada pelos alimentos processados e ultraprocessados. Salsichas, presuntos, linguiças, biscoitos recheados e bebidas açucaradas, além do álcool, são apontados como gatilhos para processos inflamatórios no corpo, criando um ambiente favorável ao surgimento de diversos tipos de câncer. O consumo excessivo de carnes vermelhas também entra na lista de alerta.
O caminho inverso, e mais seguro, é priorizar o que a terra nos dá. “O ideal é priorizar alimentos in natura ou minimamente processados, além de manter um peso corporal saudável e praticar atividade física regularmente”, reforça a nutricionista. A recomendação vai ao encontro do Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, que defende a “comida de verdade” como base para uma dieta equilibrada.
A saúde da mulher, em particular, exige atenção redobrada, como salienta Lorena Begot. “As variações hormonais ao longo da vida, como menstruação, gestação e menopausa, influenciam no metabolismo. Dietas ricas em gorduras saturadas podem elevar os níveis de estrogênio, hormônio associado a maior risco de câncer de mama“, explica.
A mensagem do Dia Mundial da Alimentação é clara: a prevenção começa com a consciência. Planejar as refeições e fazer escolhas informadas no supermercado são atos de cuidado com o próprio futuro.
SERVIÇO: COMO COMEÇAR A MUDANÇA NA SUA ALIMENTAÇÃO
Descasque mais, desembale menos: Dê preferência a frutas, legumes, verduras e grãos integrais.
Leia os rótulos: Evite produtos com longas listas de ingredientes, especialmente com nomes que você não reconhece ou que lembram nomes de medicamentos e produtos de limpeza.
Corte os vilões: Reduza drasticamente o consumo de embutidos (salsicha, presunto, etc.), refrigerantes, sucos de caixa e biscoitos recheados. Também evite todos os alimentos que trazem na embalagem os alertas “alto em sódio“, “alto em açúcar adicionado” e “alto em gorduras saturadas“.
Beba água: A hidratação é fundamental para o bom funcionamento do corpo.
Movimente-se: Associe a boa alimentação à prática regular de atividades físicas.