O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, iniciou uma reunião com o presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, na Arábia Saudita nesta quarta-feira (14), segundo reportagem do jornal The Washington Post, após um anúncio surpreendente dos EUA de que suspenderiam todas as sanções ao governo liderado por islâmicos.
Apesar das preocupações de setores de seu governo sobre os antigos laços dos líderes sírios com a Al-Qaeda, Trump disse na terça-feira (13), durante um discurso em Riad, que suspenderia as sanções à Síria, em uma importante mudança de política.
O líder americano concordou em cumprimentar al-Sharaa, que está em Riad para reuniões com o Conselho de Cooperação do Golfo.
O presidente turco, Tayyip Erdogan, juntou-se a Trump e ao príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, virtualmente na reunião, informou a Agência de Notícias Anadolu da Turquia.
A suspensão das sanções ocorreu apesar da profunda desconfiança israelense em relação ao governo de al-Sharaa, preocupações inicialmente compartilhadas por algumas autoridades americanas.
Oficiais israelenses continuaram a descrever o líder sírio como um jihadista, embora ele tenha rompido laços com a Al-Qaeda em 2016.
O governo de Israel não respondeu imediatamente aos pedidos de comentário.
Mudança de cenário
A decisão é um grande impulso para al-Sharaa, que tem lutado para colocar o país sob o controle do governo de Damasco após derrubar o ex-presidente Bashar al-Assad em dezembro do ano passado.
Os desafios foram expostos em março, quando partidários de Assad atacaram forças do governo, provocando ataques de vingança nos quais homens armados islâmicos mataram centenas de civis da minoria alauíta, gerando forte condenação dos EUA.
Sharaa foi durante anos o líder da ala oficial da Al-Qaeda no conflito sírio. Ele se juntou ao grupo pela primeira vez no Iraque, onde passou cinco anos em uma prisão americana.
Os Estados Unidos retiraram uma recompensa de US$ 10 milhões pela cabeça de Sharaa em dezembro.
Trump no Oriente Médio
O primeiro dia de uma viagem de quatro dias de Trump pela região do Golfo foi marcado por cerimônias suntuosas e acordos comerciais, incluindo um compromisso de US$ 600 bilhões da Arábia Saudita para investir nos EUA e US$ 142 bilhões em vendas de armas dos EUA para o reino.
Ainda nesta quarta-feira (14), Trump irá para Doha, capital do Catar, onde participará de uma visita de Estado com o emir xeique Tamim bin Hamad al-Thani e outras autoridades.
O Catar, um importante aliado de Washington, deve anunciar centenas de bilhões de dólares em investimentos nos EUA.
Israel, aliado dos americanos, se opôs ao alívio das sanções à Síria, mas Trump disse na terça-feira (13) que o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman e o presidente turco Tayyip Erdogan, ambos próximos do republicano, o encorajaram a tomar a iniciativa.
