Sesma revela dívida de R$ 200 milhões e crise na saúde pública de Belém
28/02/2025 15h05 – Atualizado há 2 horas
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Foto: Leandro Santana / Ascom PCPA
A Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma) realizou uma coletiva na tarde de ontem (27) para apresentar um panorama detalhado da atual situação da saúde no município. Na ocasião, o secretário Rômulo Nina destacou alguns pontos, como a dívida deixada pela gestão anterior com passivo superior a 155 milhões de reais, conforme relatório de transição. Porém, a equipe atual da Sesma identificou que a dívida herdada superou mais de 200 milhões de reais.
Outro problema identificado pela equipe da Sesma é a escassez frequente de insumos e medicamentos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e hospitais municipais, comprometendo a qualidade do atendimento à população. A infraestrutura também foi um destaque, com as unidades de saúde apresentando sérias deficiências estruturais, como infiltrações, goteiras e mobiliário deteriorado, refletindo um estado de sucateamento. Ainda conforme a Sesma, há o atraso no pagamento de contratos com fornecedores e prestadores de serviços.
“A gente entende que para prover saúde precisamos de três coisas básicas: estrutura, materiais para trabalhar e pessoas (equipe de profissionais da saúde). Quando a gente olha para esses três cenários, encontra uma situação que eu considero bastante preocupante. Não tenho palavra mais coerente do que a desordem e a falta de olhar da gestão anterior para os três cenários”, afirmou Rômulo Nina.
“Do ponto de vista de pessoas, nós temos as mais diversas anomalias relacionadas a contratos. Temos contratos temporários vencidos e pessoas trabalhando sem nenhum vínculo com a Sesma, e temos os nossos funcionários efetivos. Mas dentre esses contratos temporários, nós temos 2.500 contratos vencidos e temos uma folha de pagamento de plantão extra, de pessoas da área da saúde, as quais não temos nenhum tipo de vínculo com nenhuma das nossas estratégias e instituições. É uma anomalia que obviamente precisa ser corrigida”.
Nina ressaltou que o problema com insumos e medicamentos foi um dos primeiros desafios da gestão municipal atual, o que exigiu a promoção de ações emergenciais desde 1º de janeiro, com o objetivo de disponibilizar melhor os insumos e medicamentos para a população. Ainda conforme o secretário, os fornecedores têm uma baixa expectativa com relação a pagamentos, devido a muitos atrasos da gestão passada, assim como com os prestadores de serviços e empresas contratadas. Além disso, já foi feito um enxugamento de diretorias funcionais para que seja mais eficiente a resolução dos problemas.
Com relação às estruturas, Nina informou que a Sesma já faz reformas emergenciais e que a Diretoria de Administração, juntamente com a Diretoria de Assistência e Saúde, conseguiram mapear toda a rede municipal e que há planos definidos e em andamento de emergência, reforma total e substituição de estruturas. “Os contratos estão sendo revistos para que realmente tenhamos contratos que possam condizer com a receita dos nossos mecanismos de faturamento”. Além disso, reafirmou a importância de parcerias público-privadas que possam ajudar na gestão e torná-la mais eficiente.
Segundo Nina, a estratégia já executada pela Sesma engloba as três esferas (insumos/medicamentos, infraestrutura e equipe) para angariar recursos, seja de maneira orgânica, seja por meio de investimentos, visando promover a satisfação da população com o atendimento na saúde, melhorando a estrutura para os funcionários trabalharem na área.
Autor: Rafael Rocha / Diário do Pará