Rumo à COP30, Belém recebe maior investimento socioambiental da história da Itaipu fora do Sul
Belém.com.br
06/06/2025 13h15 – Atualizado há 1h
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Foto: Setur/GOV PA
Às vésperas da realização da COP30, prevista para novembro deste ano em Belém, capital do Pará, o governo federal, por meio da Itaipu Binacional, está promovendo um conjunto robusto de ações voltadas à sustentabilidade. Com o maior investimento já feito pela Itaipu fora de sua área de atuação prioritária, o Convênio 71 destina cerca de R$ 40 milhões para iniciativas estruturantes e socioeducativas na cidade-sede da conferência climática da ONU.
Entre as principais medidas previstas estão a compra de um barco movido a hidrogênio, a reforma de Unidades de Valorização de Recicláveis (UVRs), a criação de um Centro de Inovação em Bioeconomia e o fortalecimento da educação ambiental como eixo estratégico. O objetivo é claro: deixar um legado permanente que envolva a população no processo de transição ecológica e contribua para transformar Belém em um exemplo de cidade sustentável.
“O papel da educação ambiental é conscientizar as pessoas. De não apenas mobilizar, o que é extraordinário, mas de estabelecer o compromisso da transformação”, afirmou Carlos Carboni, diretor de Coordenação da Itaipu, durante o lançamento do livro Os Caminhos da Educação Ambiental na Itaipu Binacional. Segundo ele, mais de um milhão de pessoas já foram diretamente beneficiadas pelas ações de saneamento da empresa em 37 bairros.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, também reforçou a importância da educação no combate à crise climática. Em sessão especial no Senado Federal que celebrou os 25 anos da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), ela destacou: “A educação ambiental tem vários papéis e nos ajuda também a pensar diferente em relação ao que queremos como país, como sociedade, como comunidade e como indivíduos”.
Um marco recente do convênio foi o lançamento do programa Coleta Mais Belém, no último dia 26 de maio. A iniciativa estrutura a coleta seletiva com apoio de quatro cooperativas locais, valorizando o trabalho dos catadores e promovendo a inclusão produtiva. A capacitação da comunidade é um dos pilares do projeto, com a previsão de seminários para cerca de mil professores e cursos online em parceria com a Escola Internacional de Sustentabilidade da Itaipu. A primeira oficina, realizada ainda em 2023, teve palestra do escritor e ativista indígena Ailton Krenak.
A ativista ambiental amazônida Ana Luiza de Araújo, que participa das ações, ressaltou a urgência do engajamento popular: “A educação ambiental é uma forma lúdica e didática de trabalhar o que, às vezes, se acha estar muito distante da nossa realidade, como a mudança do clima. Mas a gente sabe que, diariamente, aqui em Belém, já estamos sentindo os efeitos dessas mudanças. Então, a conscientização não é para depois, ela é para agora”.
Outras ações previstas incluem a produção de materiais didáticos e oficinas sobre hortas comunitárias, biojoias, fotografia da natureza, grafite, reaproveitamento de resíduos e jogos socioeducativos. Até a COP30, estão planejadas 68 apresentações teatrais com foco na reciclagem, que ocorrerão em feiras e associações comunitárias da região.
Também se destaca a instalação de 36 biodigestores em 32 escolas da rede municipal de ensino, beneficiando cerca de 18 mil alunos da educação infantil ao 9º ano. Esses equipamentos transformam resíduos orgânicos em biogás e biofertilizante, promovendo economia de gás de cozinha e conexão prática com conteúdos pedagógicos.
Desde 1987, com a criação do Ecomuseu, a Itaipu Binacional adota a educação ambiental como um dos pilares de sua atuação. Suas práticas estão alinhadas a documentos internacionais como a Carta da Terra, o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e a Agenda 2030 da ONU.
Ao investir em soluções inovadoras, educação de base e envolvimento comunitário, o governo federal e a Itaipu pretendem transformar Belém em um modelo de cidade sustentável — um legado que transcenda a COP30 e inspire outras regiões da Amazônia e do Brasil.
Com informações do G1.