O Departamento de Justiça abriu uma investigação sobre Andrew Cuomo, ex-governador de Nova York e principal candidato a prefeito da cidade de Nova York, após uma indicação de republicanos do Congresso que acusaram Cuomo de mentir durante uma investigação sobre a resposta de seu governo à Covid-19, disse uma pessoa informada sobre o assunto.
O inquérito incipiente ocorre após uma solicitação anterior ao governo Biden que não resultou em uma investigação.
A medida também ocorre após autoridades da Justiça encerrarem um processo separado por corrupção contra Eric Adams, o atual prefeito de Nova York e um dos rivais de Cuomo na disputa pelo cargo. Essa medida gerou revolta no Ministério Público de Manhattan, depois que os promotores se recusaram a arquivar o caso, conforme ordenado. Adams prometeu auxiliar os esforços de imigração do governo Trump.
O Departamento de Justiça se recusou a comentar a investigação de Cuomo, relatada anteriormente pelo The New York Times .
Rich Azzopardi, porta-voz do ex-governador democrata, disse que eles não foram informados da investigação federal e defendeu o depoimento de Cuomo ao Congresso.
“Nunca fomos informados de tal assunto, então por que alguém vazaria agora? A resposta é óbvia: isso é pura e simplesmente guerra jurídica e interferência eleitoral — algo que o presidente Trump e seus principais funcionários do Departamento de Justiça dizem ser contra”, disse Azzopardi em um comunicado.
“O governador Cuomo testemunhou com sinceridade, de acordo com suas melhores lembranças, sobre eventos de quatro anos antes e se ofereceu para responder a quaisquer perguntas complementares da Subcomissão, mas, desde o início, tudo isso foi transparentemente político”, completou Azzopardi.
Um funcionário da Justiça defendeu o momento das ações contra Adams e Cuomo, dizendo: “Este Departamento de Justiça acabou com a instrumentalização do governo e continuará a acompanhar os fatos em todos os casos para restaurar um nível de justiça para toda a América”.
A investigação ocorre em um momento em que Cuomo tenta um retorno à política após renunciar ao cargo de governador em 2021 em meio a um escândalo de má conduta sexual. Cuomo negou as acusações de que assediou sexualmente 11 mulheres, apresentadas em um relatório da procuradora-geral de Nova York, Letitia James, que também está sob investigação do governo Trump.
Em abril, o presidente de supervisão da Câmara, James Comer, encaminhou Cuomo ao Departamento de Justiça para possível processo por seu depoimento ao Congresso, depois que um encaminhamento semelhante de um painel liderado pelo Partido Republicano que investigou a pandemia de Covid-19 no ano passado não resultou em uma investigação.
O que está em questão é a veracidade de Cuomo em relação ao seu papel na redação e revisão de um relatório do departamento estadual de saúde de junho de 2020, que subestimou a contagem de mortes em lares de idosos em quase metade.
Uma investigação de 2021 conduzida por James, um democrata, descobriu que o Departamento de Saúde do Estado de Nova York subestimou as mortes por Covid-19 entre residentes de casas de repouso em aproximadamente 50%, essencialmente por omitir as mortes de residentes que haviam sido transferidos para hospitais.
Uma auditoria de 2022 realizada pelo Controlador Estadual Thomas DiNapoli concluiu que o departamento de saúde de Cuomo deixou de registrar cerca de 4.100 mortes entre abril de 2020 e fevereiro de 2021.
A CNN também descobriu que Cuomo minimizou os atrasos nos dados de pacientes e mortes em casas de repouso e defendeu seu governo de alegações de irregularidades, de acordo com uma revisão de suas coletivas de imprensa diárias da primavera de 2020, nas quais casas de repouso foram mencionadas.
Cuomo tem consistentemente rejeitado alegações de irregularidades — com sua equipe jurídica apresentando sua própria carta de encaminhamento em outubro, solicitando que o Departamento de Justiça investigue um suposto abuso de poder pelo Subcomitê Seleto da Câmara sobre a Pandemia do Coronavírus.
Azzopardi, o porta-voz de Cuomo, disse à CNN na época que o comitê liderado pelo Partido Republicano estava envolvido em um “exercício Maga pré-eleitoral e decidiu agir de forma antiética para ajudar seus mestres a ganhar pontos políticos baratos”.
