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11/05/2025 11h39 – Atualizado há 4 horas
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Foto: Rede Sociais/Reprodução
Morreu na manhã deste domingo (11), em Belém (PA), o jornalista, professor e pesquisador santareno Manuel José Sena Dutra, aos 79 anos. Natural da comunidade de Boim, na região de várzea de Santarém, oeste do Pará, Dutra estava internado na capital paraense após o agravamento de um câncer no fígado, diagnosticado há poucas semanas. O falecimento foi confirmado por amigos e colegas de profissão, como o jornalista Jota Ninos, que acompanhou discretamente a rápida piora no quadro clínico.
Segundo Jota Ninos, Dutra começou a sentir dores cerca de três semanas atrás. Após exames, foi identificado um câncer hepático em estágio avançado, com metástase. “Ele foi enfraquecendo muito rápido. A família tentava aliviar o sofrimento. Infelizmente, não houve tempo”, relatou. Devido ao comprometimento do fígado, Dutra não pôde iniciar tratamento e faleceu sem concluir exames complementares.
A família informou que o desejo de Dutra era ser cremado, com as cinzas lançadas no rio Tapajós, símbolo afetivo e ambiental de sua vida e obra. O velório ocorre neste domingo (11), a partir das 14h, na Capela Master A do Max Domini, na avenida José Bonifácio, em Belém. A data da cremação ainda não foi divulgada.
Com mais de 50 anos de dedicação ao jornalismo amazônico, Manuel Dutra foi autor de reportagens investigativas de grande impacto, com foco em questões ambientais e sociais da região. Ganhou três vezes o Prêmio Esso de Jornalismo na Região Norte, nos anos de 1988, 1990 e 1994, por matérias sobre os efeitos do garimpo e da poluição nos rios amazônicos, publicadas pelo jornal O Liberal.
Graduado em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco, Dutra também era mestre e doutor em áreas socioambientais pela UFPA e pelo Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (Naea). Atuou como professor em instituições como UFPA, UFOPA, Unisinos e coordenou o primeiro curso de Jornalismo do IESPES, em Santarém. Era autor de livros como O Pará dividido: discurso e construção do estado do Tapajós e A natureza da mídia: os discursos da TV sobre a Amazônia, a biodiversidade e os povos da floresta.
Além de sua atuação em veículos como O Estado de S. Paulo, Rádio Rural de Santarém e TV Liberal, Dutra também teve importante papel em projetos de comunicação comunitária e educação ambiental. Serviu no setor público como membro da Fundação do Bem Estar Social do Pará.
Em 2011, foi homenageado pela Prefeitura de Santarém com a Comenda de ‘construtor de uma cidade melhor’. Seu nome integra o ranking nacional dos jornalistas mais premiados, segundo a revista Jornalistas&Cia. Dutra será lembrado por sua ética, seu olhar crítico sobre os grandes projetos na Amazônia e pela defesa incansável dos povos da floresta.
“A última vez que estivemos juntos foi em uma das vindas dele a Santarém. Sempre fazia questão de conversar sobre o jornalismo local, de relembrar amigos da profissão e de reforçar a importância de contar as histórias da nossa terra com responsabilidade”, disse Jota Ninos, emocionado.
Com informações do G1.