Espetáculo sobre cultura Macuxi chega a Belém com apresentações gratuitas na periferia urbana
Belém.com.br
24/05/2025 20h49 – Atualizado há 18 horas
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Foto: Pablo Felippe
A cidade de Belém receberá, nos dias 30 e 31 de maio, o espetáculo “Gotas de Saberes”, da Companhia Arteatro, que propõe a contação de histórias do povo originário Macuxi, de Roraima, em forma de teatro. Com 32 anos de atuação na cena cultural roraimense, a companhia está em circulação por cinco estados da Amazônia Legal — Amazonas, Amapá, Pará, Roraima e Tocantins — por meio do Programa Rouanet Norte, com patrocínio do Banco da Amazônia.
A proposta é simples e poderosa: levar arte e cultura amazônicas para quintais, escolas, periferias, quilombos e comunidades indígenas da região, de forma acessível, com entrada gratuita e tradução em Libras. O espetáculo tem duração de 40 minutos e é voltado ao público infantil, mas encanta pessoas de todas as idades com sua linguagem poética e cênica.
Em Belém, as apresentações ocorrem em dois espaços periféricos e de forte identidade cultural. No dia 30 de maio, às 17h, o público da Vila da Barca, uma das maiores comunidades de palafitas da América Latina, poderá assistir à peça na rua Professor Nelson Ribeiro, nº 66, no bairro do Telégrafo. Já no dia 31, às 15h, a encenação será durante a Feira do Beco, iniciativa voltada à economia criativa e periférica do bairro da Condor, na Passagem Santa Terezinha, nº 127.
“Apresentar em Belém vai ser bem interessante, porque Belém tem essa coisa das ‘misturações’, da culinária e tudo mais. E isso vai ser uma delícia. Belém é um lugar muito propício para que a gente leve esse trabalho, que a gente vai falar das histórias indígenas, contar narrativas que são daqui, mas que dizem respeito a eles também”, afirma o diretor geral Márcio Sergino.
O texto da peça é fruto da experiência pessoal dos próprios atores, que também são autores — Anderson Nascimento, Márcio Sergino e Silmara Costa — a partir de histórias tradicionais do povo Macuxi. A encenação traz músicas nas línguas originárias Macuxi e Wapichana, personagens como Jubuti e Onça, e elementos que atravessam ancestralidade, infância e identidade amazônica. A direção artística é assinada por Márcio Marciano.
Para a atriz e produtora cultural Silmara Costa, gestora do espaço cultural Usina Cultura, em Roraima, o apoio financeiro é essencial para que iniciativas como essa alcancem o Norte do país. “É muito caro viajar pelo país, e a gente tem a questão do fator amazônico, ou custo amazônico, que deixa tudo mais caro para quem mora na região. Seria impossível a gente circular pelo Norte, se nós não tivéssemos um aporte como esse. Então, a gente está bastante feliz, é um desejo antigo nosso que se concretiza graças à lei Rouanet”, explica.
Silmara também destaca que o impacto vai além da arte. “Você precisa contratar uma série de outras pessoas, como produção, assessoria, tradutores, precisa de hospedagem, passagens, alimentação, então tem toda uma economia que gira em torno”, pontua.
A circulação do espetáculo segue até julho por outros estados da Amazônia, fortalecendo a presença da cultura indígena e regional no circuito cultural brasileiro e aproximando o público da diversidade de saberes ancestrais do Norte do país.
Com informações do Roma News.