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29/05/2025 23h53 – Atualizado há 2 horas
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Foto: Débora Flor
A força dos rituais ancestrais, o poder do nascimento e a escuta sensível de saberes tradicionais ganham forma na exposição “Desde que o mundo é mundo”, da fotógrafa, arte-educadora e doula paraense Débora Flor. A mostra, com entrada gratuita, será inaugurada no dia 1º de junho, na Kamara Kó Galeria, em Belém, com curadoria de Camila Fialho. A programação integra o circuito Circular Campina Cidade Velha, que movimenta o centro histórico da capital paraense com arte e cultura contemporânea.
Esta é a primeira exposição individual de Débora, resultado de uma intensa pesquisa afetiva e vivencial que percorre territórios como Marajó, Tapajós, Chapada Diamantina e Florianópolis. Em sua jornada, a artista mergulhou em escutas e trocas com parteiras, doulas e mulheres guardiãs de práticas tradicionais relacionadas à perinatalidade, ao uso de plantas medicinais e aos rituais femininos. A instalação convida o público a experimentar uma vivência simbólica, onde sons, fotografias artesanais, bordados, objetos e aromas se entrelaçam como uma ode sensorial ao feminino ancestral.
“Ano passado tive a experiência de dar à luz. Aqui, lembro-me da intensidade das ondas a atravessar durante o trabalho de parto, a potência do meu corpo fragmentado e animal, as águas mornas e o círculo de fogo, a passagem da morte à vida”, compartilha Débora Flor, que transforma sua experiência pessoal em arte e reflexão. A exposição propõe uma pausa diante das urgências do cotidiano, criando um ambiente de escuta e contemplação, onde o nascimento é visto não apenas como um ato biológico, mas como ato coletivo, sagrado e ancestral.
Além das obras da própria artista, o espaço também abriga criações de artistas convidados, ampliando os diálogos em torno dos modos de nascer, cuidar e transmitir conhecimentos. “Meu trabalho é principalmente relacional, e estou particularmente interessada nos rituais que envolvem o feminino, a noção de cuidado e a transmissão de saberes tradicionais”, explica Débora. “Gosto de experimentar técnicas fotográficas antigas com plantas, bordados e objetos que carrego dos encontros que tive. É uma abordagem sensível e orgânica, que nasce das relações com pessoas e territórios.”
A exposição segue aberta à visitação até o dia 21 de junho, de quarta a sexta-feira, das 14h às 18h, e aos sábados, das 10h às 13h, na sede da Kamara Kó, na Travessa Frutuoso Guimarães, no bairro da Campina. Um convite a redescobrir, pela arte, o poder ancestral das mulheres que cuidam, curam e acolhem desde que o mundo é mundo.
Com informações do G1.