Belém sedia pela primeira vez o Fórum Mundial de Doação de Leite Humano
Belém.com.br
06/05/2025 15h38 – Atualizado há 1 dia
4 Min
Foto: Assessoria Santa Casa / Divulgação
A Santa Casa de Misericórdia do Pará abriu as portas, nesta segunda-feira (6), para a primeira edição em Belém do Fórum Mundial de Doação de Leite Humano. O evento reúne autoridades em saúde, especialistas internacionais e profissionais da área para debater avanços, desafios e o fortalecimento da rede de bancos de leite como estratégia fundamental de sobrevivência infantil — inclusive em meio a emergências provocadas pelas mudanças climáticas.
Durante a programação, foi lançada oficialmente a campanha nacional de doação de leite humano para 2025, coordenada pelo Ministério da Saúde em parceria com a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano. A iniciativa visa ampliar o número de doadoras voluntárias, sensibilizando a sociedade sobre a importância da solidariedade na alimentação de recém-nascidos prematuros ou de baixo peso.
“O lançamento da campanha é fundamental para aumentar as doações de leite, pois, embora o Brasil tenha a maior rede de banco de leite do mundo, ainda não conseguimos suprir as necessidades de todos os bebês internados nas unidades neonatais”, explica Sônia Venâncio, médica e representante do Ministério da Saúde.
Com o tema “Banco de Leite Humano e Mudanças Climáticas – O que podemos fazer a mais? Reflexões sobre vivências no enfrentamento às emergências sanitárias”, o fórum promove debates até esta quarta-feira (7), reforçando o protagonismo do Brasil em ações de sustentabilidade e saúde pública, especialmente em Belém, cidade-sede da COP30.
A coordenadora estadual de Saúde da Criança, Ana Cristina Guzzo, destacou que o Pará já conta com cinco bancos de leite — sendo o da Santa Casa o mais antigo e referência na Amazônia — e planeja implantar mais cinco. “A partir deste evento, vamos compartilhar experiências voltadas aos impactos ambientais sobre o aleitamento materno, já que ele também é afetado por questões da cadeia de produção”, pontua.
Sinara Souza, coordenadora do Banco de Leite da Santa Casa, explica que a unidade funciona como uma casa de apoio à amamentação e atua em parceria com outras instituições para expandir postos de coleta e abastecer os bancos. “Assim conseguimos atender os bebês prematuros, que são a classe mais vulnerável”, afirma.
Além da importância nutricional do leite humano, os impactos das mudanças climáticas sobre a saúde infantil também são destaque no evento. “Esse tema é muito relevante porque a gente vem reconhecendo cada vez mais os impactos dessa crise climática que afeta diretamente as crianças, e os bancos de leite têm um papel importante em garantir o melhor alimento para os recém-nascidos”, afirma Sônia, lembrando a recente mobilização nacional para auxiliar o Rio Grande do Sul em meio a uma crise ambiental.
Para João Aprígio Guerra, presidente da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, o Fórum é uma oportunidade estratégica: “Essa emergência sanitária em decorrência de uma crise climática que ocorreu no Rio Grande do Sul acendeu um alerta que já deveria ter sido acendido. Passamos a nos preocupar em ações e medidas para que estejamos prontos e não sejamos surpreendidos com eventos climáticos no futuro.”
A programação do Fórum inclui oficinas, mesas-redondas e diálogos com representantes da Organização Mundial da Saúde e países parceiros. A meta é fortalecer a cooperação internacional e expandir a Rede Global de Bancos de Leite Humano, mantendo o Brasil na liderança global da área. A expectativa é que o evento gere compromissos concretos para garantir acesso ao leite humano mesmo diante de emergências climáticas.
Como doar:
Mulheres em fase de amamentação que produzam leite em excesso podem se tornar doadoras. Para isso, basta entrar em contato pelo número (91) 3251-7212 e se cadastrar junto ao projeto “Bombeiros da Vida”, do Corpo de Bombeiros do Pará, que atua na Santa Casa e realiza a coleta domiciliar do leite doado.
Com informações do O Liberal.